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1 21/05/2018 19:00

A Polícia Civil acredita ter elucidado, por completo, o assassinato da estudante Milena Alves, 10 anos, dentro da própria casa, por um adolescente de 17 anos, na última quinta-feira (17), em Camaçari. Segundo a delegada Maria Thereza, titular da 4ª Delegacia de Homicídios da cidade da Região Metropolitana de Salvador (RMS), o jovem, que completa 18 anos no próximo dia 31, matou Milena "porque ela gritava muito" durante o ataque.

"Ele deu dois socos nela e depois a esganou", comentou a delegada durante coletiva de imprensa, na manhã desta segunda-feira (20), no Departamento de Homicídios e proteção à Pessoa (DHPP), na Pituba, em Salvador. A apreensão do rapaz foi realizada no final da noite de sábado, em Mata de São João. Ele confessou ter estuprado e matado a vizinha.

Milena foi encontrada morta dentro de casa pela mãe no final da tarde de quinta. Ainda conforme a delegada, após praticar o crime, o adolescente arrumou o corpo da menina, vestindo-lhe uma camisola, fazendo parecer que ela estava dormindo.

"A mãe estranhou o fato de que a casa estava apagada, o que era incomum naquele horário. Ao chegar no quarto, encontrou a filha deitada e vestida. Quando acendeu a luz, tocou na filha e viu que ela estava gelada, morta", detalhou a delegada.

Premeditado

De acordo com a investigação, há dois meses o adolescente vinha monitorando os passos de Milena.

"Ele sabia os horários dela. Sabia que ela ia para a escola às 7h30. Que chegava em casa às 13h. E que ficava à tarde sozinha", disse a delegada Maria Thereza, dando a entender que o crime foi planejado.
No dia do crime, ele entrou na casa por volta das 12h40, depois de retirar parte da telha da casa e se esconder no boxe do banheiro, onde a menina foi surpreendida.

Segundo perícia, vestígios encontrados num imóvel abandonado nos fundos da casa da vítima, usado pelo adolescente e outros três homens para consumo de drogas, foi encontrado uma bermuda e uma cueca sujas de sangue.

"Esses materiais foram coletados para perícia, assim como pedaços das unhas do autor do ato infracional", disse o perito Ricardo Neri, cooordenador do Departamento de Polícia Técnica (DPT) de Camaçari.

Ele disse que Milena estava ainda estava viva quando estruprada. "As lesões são compatíveis de quando ainda estava viva, inclusive o rompimento himenal", explicou o perito.

O adolescente era vizinho da vitima há três meses e vivia na casa junto com a companheira, que deixou o imóvel um mês depois da mudança devido às agressões que sofria do jovem.

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A casa foi alugada pela mãe do rapaz logo após ele ter fugido de Dias D'Ávila, também na RMS, onde residia anteriormente, após ter efetuado o roubo de um carro.

Nesta segunda (21), o adolescente passará por exames periciais e, em seguida, será encaminhada para a Vara de Infância e Juventude de Camaçari, onde ficará à disposição da Justiça. Como ele completará 18 anos ainda neste mês, a Justiça poderá decidir pela internação dele por até 3 anos.

Estupros na Bahia

Todos os dias, pelo menos uma mulher é estuprada na Bahia. De acordo com dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA), foram 578 casos entre janeiro e dezembro do ano passado – ou seja, 1,5 por dia.

Mas o caso da pequena Milena não é isolado. Como o CORREIO mostrou no especial O Silêncio das Inocentes, os dados sobre os atendimentos no Projeto Viver revelam a realidade da maioria das vítimas de violência sexual: 96% são mulheres e 84% são crianças e adolescentes.

Além disso, os agressores costumam viver bem perto da criança – ainda segundo o Viver, em 80% dos casos envolvendo vítimas com menos de 18 anos, o agressor é alguém conhecido ou que tem a confiança da família.

Diante de estatísticas como essa, nesta terça-feira (18), entidades em todo o Brasil lembram o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Nos anos de 2015 e 2016, a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, por meio do Disque 100, recebeu mais de 37 mil denúncias de violência sexual na faixa etária de 0 a 18 anos, o que corresponde a 10% das ligações feitas à central telefônica.

No ano passado, a Bahia foi o terceiro estado com maior número de denúncias no Disque 100, logo atrás de São Paulo e Minas Gerais. Ao todo, em 2017, foram 14 mil registros no serviço. Cerca de 40% do total de denúncias eram referentes a crianças de 0 a 11 anos. As faixas etárias de 12 a 14 anos e de 15 a 17 anos correspondem, respectivamente, a 30,3% e 20,09% das denúncias.

Os crimes de abuso sexual (72%) e exploração sexual (20%) foram os casos mais citados nesse levantamento. No entanto, outras ocorrências incluem violações como pornografia infantil, sexting (troca de mensagens com conteúdo sexual), grooming (tentativa do adulto para conquistar a confiança da vítima), exploração sexual no turismo e estupro.

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