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1 28/05/2015 14:59

Nascido em Minas Gerais, Milton Gonçalves já era ator da TV Globo antes mesmo de sua inauguração em 1965. "Em janeiro, fui contratado. Em fevereiro, recebi o meu primeiro ordenado. Acho que 500 cruzeiros. Para mim, era dinheiro à beça! A namorada quis logo juntar", lembra, rindo, do episódio com Oda, com quem foi casado de 1966 a 2013, ano em que ela faleceu.

No programa Grandes Atores, que vai ao ar no dia 30, às 18h30, no Viva, o convidado fala sobre carreira e vida pessoal, e debate a discriminação racial, ainda presente no dia a dia. "Nós, negros, sabíamos exatamente aonde ir, aonde caminhar e aonde não podia ir", comenta.

A chegada ao Rio de Janeiro também marcou o entrevistado, um militante fervoroso do movimento negro. "Um belo dia, em 1958, caí nessa cidade maravilhosa. Fui a um bar no posto 1, e o garçom perguntou se eu queria tomar um chope. Isso para mim, que era todo problemático com a questão do preconceito e desrespeito, o medo da autoridade, não é que mudou, mas mexeu muito comigo. Pensei 'posso ir a algum lugar que sou convidado para sentar'".

Antes de descobrir a vocação para atuar, Milton já era apaixonado por cinema, mas trabalhava em outros ramos. Foi durante a experiência em uma gráfica que conheceu Leonel Cogan, quem incentivou sua primeira ida ao teatro. "Ele chegou lá para imprimir ingresso de um espetáculo. Lembro que perguntei do que se tratava e disse que tinha interesse em assistir", conta.

Uma semana depois, Leonel apareceu na gráfica para saber se Milton tinha gostado da peça. "Eu, muito metido, respondi: 'gostei, e mais, sei fazer aquilo que vi lá'", relembra. Durante seu depoimento, também fala sobre o apoio que recebeu do diretor Egídio Eccio. "Ele me ensinou uma série de coisas: iluminação, cenografia. Eu tinha ânsia de aprender para mudar minha vida".

Ao longo dos 50 anos de TV Globo, Milton fez mais de 40 novelas, atuou em programas humorísticos e minisséries. Como diretor, tem no currículo produções como as primeiras versões de A Grande Família (1972) e Escrava Isaura (1976), além de séries como Carga Pesada (1979) e Caso Verdade (1982).

Braz Canoeiro

Outro sucesso de sua carreira é Irmãos Coragem (1970), em que interpretava Braz Canoeiro e apoiava Daniel Filho na direção. "Lembro quando ele chegou um dia e avisou que estava entregando a novela para mim. Aí você começa a tremer, né? Foi uma luta grande, claro. Tinha que convencer as pessoas de que era capaz disso ou daquilo. E fomos até o final", descreve.

Personagens memoráveis como Zelão das Asas, de O Bem-Amado (1973), consagram Milton, que também fez carreira nos palcos e na tela grande: integrou o mítico Teatro de Arena e atuou em mais de 60 filmes.

Para o convidado, um de seus papeis mais importantes é o Doutor Percival, de Pecado Capital (1975). "Foi um passo muito positivo na briga contra o preconceito. Fui ao Dias Gomes falar que gostaria de interpretar um personagem mais relevante. Não é relevante, mais elegante, a palavra. Ele disse que a Janete Clair ia escrever, e ela me deu um dos melhores presentes da vida! O Percival fez um senhor sucesso. E foi um espanto um personagem deste valor, deste impacto, ser mostrado".

Pela atuação como Pai José na segunda versão de Sinhá Moça (2006), Milton foi indicado ao prêmio de Melhor Ator no Emmy Internacional e o primeiro brasileiro a apresentar uma categoria no evento.

Ao falar sobre os filhos Maurício, Alda e Catarina, o veterano não poupa elogios e orgulha-se da criação que ele e Oda passaram aos herdeiros: "Eles estão encaminhados. É o que eu gostaria, honestamente, para a grande maioria desse país".

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