Dois anos após o naufrágio da lancha Cavalo Marinho I, que deixou 19 mortos na Baía de Todos-os-Santos, em Vera Cruz, na Ilha de Itaparica, a família de uma das sobreviventes, que morreu um ano depois do acidente, luta para que ela seja reconhecida como a 20ª vítima da tragédia.
Adailma Santana Gomes, de 27 anos, foi acometida por uma depressão depois do estresse pós-traumático, que é o distúrbio caracterizado pela dificuldade em se recuperar, depois de vivenciar um acontecimento violento e/ou impactante – no caso dela, o naufrágio da lancha Cavalo Marinho I –, e cometeu suicídio há cerca de 11 meses.
A tia dela, Eliane de Santana, conta que a empresa responsável pela lancha Cavalo Marinho I, a CL Transportes Marítimos, nunca prestou nenhum tipo de assistência à família. "Não houve apoio à família, indenização, nada. O advogado está correndo atrás [para incluir Adailma na lista de vítimas], mas até agora nada. A gente não queria nem indenização de nada, a gente queria só ela de volta. Mas que a justiça seja feita. A gente está lutando e vai lutar com fé em Deus, para que a justiça seja feita".
Adailma chegou a ter acompanhamento psicológico por um ano e foi medicada em um determinado período. Do estresse pós-traumático veio a depressão, e ela não resistiu às lembranças do que viveu na manhã de 24 de agosto de 2017.
Conhecida como "Dai", Adailma deixou uma filha, que hoje tem 5 anos, e o marido – o português Luís Filipe Marques, que está no Brasil há 24 anos. Adailma chegou a ter acompanhamento psicológico por um ano e foi medicada em um determinado período. Do estresse pós-traumático veio a depressão, e ela não resistiu às lembranças do que viveu na manhã de 24 de agosto de 2017.
O marido de Adailma lembra que o acompanhamento com um profissional da saúde mental era tortuoso.
“Ela tentou recuperar a sanidade, mas quebrava o tratamento, interrompia e aí começou a agonizar mais. Até que chegou um ponto que foi incontrolável. Ela perdeu a noção do futuro, para ela a vida tinha caráter imediatista, [dizia] que podia morrer a qualquer momento, teve confusão mental", lembra Luís Filipe
*Correio da Bahia