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1 28/04/2015 21:33

Mauro Cunha, ex-integrante do Comitê de Auditoria da Petrobras, disse à CPI que investiga irregularidades na estatal que o prejuízo da empresa com corrupção pode ser maior que os R$ 6 bilhões estimados no balanço auditado da empresa, divulgado neste mês.

Segundo ele, esta foi uma das razões pelas quais ele se recusou a aprovar o balanço. “A Petrobras não pagou propina para ninguém, aparentemente. Esse valor foi calculado com base no depoimento do ex-diretor Paulo Roberto Costa, que disse que a propina representava 3% dos valores dos contratos. Corremos o risco de estar buscando valores inferiores aos prejuízos”, disse Mauro Cunha, durante audiência pública da sub-relatoria de Superfaturamento e Gestão Temerária na Construção de Refinarias da CPI.

Inicialmente, ele havia dito que o prejuízo seria maior que R$ 6 bilhões, mas em seguida retificou sua afirmação. “Eu não posso dizer que o valor é maior ou menor. O que eu quis dizer é que o valor é inapropriado, talvez uma forma de definir valores a serem devolvidos à empresa e baseado apenas no depoimento do (ex-diretor) Paulo Roberto Costa”, explicou. “O valor é incerto”, acrescentou.

Cunha disse que foi afastado do Comitê de Auditoria depois de se recusar a aprovar o balanço. Ele deu outras razões para isso. Segundo Cunha, não foram entregues a ele todos os documentos que solicitou para avaliar os números apresentados no balanço.

Outra razão, segundo ele, foi a decisão da Petrobras de adiar os investimentos no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. “Em 2013, já havia uma indicação de superavaliação de ativos”, disse.

Corrupção e prejuízos

Segundo Cunha, o sistema de controle interno da Petrobras falhou e não identificou atos de corrupção na estatal, o que foi motivado por erros de gestão – além dos atos irregulares de diretores. “O conselho de administração não consegue enxergar atos isolados de corrupção. A Petrobras possui o sistema de governança mais completo que já vi, mas ele só é fantástico no papel. Normas internas não foram cumpridas. A governança falhou”, disse.

Cunha responsabilizou os gestores da Petrobras pelos prejuízos da empresa nos últimos anos. “A enorme capitalização da Petrobras atropelou princípios. Foram 330 bilhões de dólares de prejuízos desde 2009”, disse. Segundo ele, somente a política de combustíveis da Petrobras gerou prejuízos de 100 bilhões de dólares nos últimos anos. “[Foram feitos] investimentos ruins e procedimentos foram ignorados para viabilizar projetos.”

Divisão de lucros

O ex-integrante do Comitê de Auditoria também criticou o pagamento de participação nos lucros aos funcionários da Petrobras. “Existe um limitador para isso. Os funcionários não podem receber mais que 25% dos dividendos pagos aos acionistas. E, no ano passado, os acionistas não receberam nada”, disse.

“O senhor nunca percebeu ou suspeitou da existência de corrupção na empresa, principalmente em relação aos custos da refinaria Abreu e Lima?”, perguntou o deputado Bruno Covas (PSDB-SP), um dos sub-relatores da CPI. Cunha respondeu que não, mas que estranhou os valores envolvidos na obra. “O que chamava a atenção eram os valores, que superavam em muito todas as métricas internacionais. A corrupção foi uma consequência desse problema”, disse.

Ele relatou que, diante disso, solicitou a criação de uma comissão interna para apurar os custos da refinaria. “Tive discussões sobre isso, que me levaram a votar contra o balanço e tudo isso está registrado em ata”, afirmou o depoente.

 

Tribuna

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