Notícias

1 28/04/2015 21:05

A imagem de uma família reunida em uma casa confortável, no final do dia, com um carro na garagem e um frango assando no forno pode retratar um ideal quase universal de prosperidade. Dois dos itens de consumo acima – a casa e o automóvel – têm status de sonho para muitos brasileiros. Mas o que pouca gente sabe em relação a eles é que todos têm uma participação elevada de eletricidade no custo final de produção.

A conta de energia cobrada mensalmente pela Coelba para os consumidores residenciais na Bahia representa apenas uma parte dos gastos que os baianos têm com a eletricidade. Além dessa despesa, que aparece diretamente no orçamento, existe outra, cobrada de maneira indireta, que está presente no custo de produção e é repassada para os preços dos produtos.

As pessoas pagam pela eletricidade quando compram pão, café, frango congelado, remédio para dor de cabeça, ou quando vão a uma concessionária trocar de carro. E, na ponta do lápis, o impacto da energia nos produtos pode ser maior do que o pago à distribuidora mensalmente, adverte o diretor da CCNE - Chiarini Consultoria Negócios e Energia, Eduardo Chiarini.

Uma casa, por exemplo, chega a ter 25% do custo de produção relacionado com a energia, de acordo com levantamento feito pela CCNE, a pedido do CORREIO. Produtos utilizados na construção de um imóvel, como cimento, tijolos, porcelana, alumínio, plástico, aço e vidro, entre outros, têm um consumo elevado de energia no processo de fabricação, podendo chegar aos 40% no custo final.

É claro que a precificação de um imóvel depende de uma série de outros fatores, ressalta o consultor em energia.

Quem sonha com a compra de um carro novo também precisa ficar alerta em relação ao custo da energia pago pela indústria, lembra Eduardo Chiarini. Segundo ele, o impacto da energia também é alto para a indústria automobilística, que utiliza muito metal e plástico.

O mesmo ocorre com o frango. Criada sob iluminação constante e recebendo o alimento através de esteiras, a ave tem na eletricidade um de seus maiores custos de produção. No abate, mais consumo energético. E isso sem contar a etapa de conservação, onde o produto precisa ser mantido congelado até ser consumido.

Efeito cascata

A chamada indústria pesada – que engloba atividades como a petroquímica, siderurgia e mineração, entre outras – apresenta um consumo bastante elevado de energia, que pode ter um impacto significativo no custo final de produção. E a fonte energética para alimentar a maior parte dos equipamentos usados no processo de produção é a eletricidade.

Segundo o consultor Eduardo Chiarini, na base da pirâmide de produção, onde estão as indústrias pesadas, o consumo energético varia entre 15% e 40% do custo final dos produtos. “Numa indústria química, esses custos variam em torno de 20%, mas chegam a 30%, no caso da mineração e siderurgia, ou até 45%, caso da indústria que fabrica gases para uso hospitalar, por exemplo”, diz, lembrando de um produto em que as variações de custo costumam ser repassadas ao preço final integralmente.

As outras indústrias utilizam os produtos que são fabricados pela indústria de base. Normalmente, os custos de energia são diluídos no decorrer da cadeia, explica. “A indústria de panificação utiliza o trigo, que tem um custo de 15% com eletricidade. Esse percentual é menor no caso do pão, mas existe uma cadeia que vai impactar até o preço final”, explica o consultor.

 

CORREIO

Rua Tiradentes, 30 – 4-º Andar – Edf. São Francisco – Centro - Santo Antônio de Jesus/BA. CEP: 44.571-115
Tel.: (75) 3631-2677 - A Força da Comunicação.
© 2010 - RBR Notícias - Todos os direitos reservados.