As ações da Petrobras caíram mais de 14% em apenas dois dias, após a publicação do balanço do terceiro trimestre, quarta-feira, 28. A crise na estatal gerou muita dor de cabeça em investidores que apostaram na empresa para aumentar o seu patrimônio.
É o caso do empresário baiano Antoine Freitas. Ele investiu cerca de R$ 500 mil em ações da Petrobras, desde 2009. Se fosse se desfazer dos papéis com o preço de na quinta, 29, R$ 8,75, receberia aproximadamente R$ 90 mil.
Quando o empresário fez a sua primeira compra, uma ação da Petrobras valia R$ 38. Freitas viu as ações se desvalorizarem ao longo dos últimos anos, passando primeiramente para R$ 25, depois R$ 18, até chegar no patamar atual.
Em 2014, as ações da Petrobras caíram 38%. A empresa está nesse ritmo desde 2010, quando fechou o ano com queda de 24%.
"É a economia de uma família. Quem acreditou como eu acreditei, está em um beco sem saída. Até a minha última compra eu tinha esperanças de recuperação, mas agora a gente não sabe mais o que pode acontecer", afirma o investidor.
Depois do primeiro aporte, quando as ações já estavam em queda, o empresário continuou investindo na empresa com a expectativa de diminuir os prejuízos no futuro, ao comprar papéis mais baratos.
"Vários amigos investiram toda a sua poupança. Conheço amigos que investiram o seu FGTS na Petrobras. Fomos incentivados pelo governo a investir. Graças a Deus eu tive a felicidade de não colocar todas as minhas economias na Petrobras, diferentemente de outros amigos", diz Freitas.
Dúvidas
O empresário lamenta a falta de informações confiáveis sobre a crise e de prestação de contas aos investidores. "Agora não está havendo uma resposta do governo nem da CVM (Comissão de Valores Mobiliários, que regulamenta o setor) para o investidor saber o que está acontecendo".
A estatal publicou o seu balanço trimestral sem auditoria e não calculou as perdas relacionadas às denúncias de corrupção da Operação Lava Jato.
Em um momento de crise e queda abrupta no valor das ações os especialistas são unânimes ao afirmar que o investidor não deve vender seus papéis.
"Quem comprou o ativo, infelizmente, nos atuais níveis, tem que manter. Quem está de fora, e se houver uma maior propensão a riscos, pode comprar o ativo com seguro para poder limitar uma possível perda", afirma o sócio diretor da Bahia Partners, o economista Tiago Couto.
Apesar de estar em queda, as ações da Petrobras estão sendo bastante procuradas nas corretoras. Para o analista de mercado da AZ Futura Invest, Alan Oliveira, o momento é de cautela.
"Quem tem deve aguardar. Quem está de fora não deve entrar. Quando temos uma empresa que tem problemas a melhor situação é ficar de fora porque não sabemos o que esses problemas podem gerar", diz.
O corretor Thiago Loiola discorda e considera que as ações em queda podem ser uma boa oportunidade para investidores que não são sensíveis a riscos e flutuações do mercado. "É indicado apenas para uma parcela de capital que você não vá usar a curto prazo. Mas é preciso prudência".
A TARDE